Fique por dentro dos últimos acontecimentos

BR-101 em SC: Gargalos, caos e longas filas sem solução imediata marcam o verão 24/25

27 dez 2024 | Estadual e Nacional, Itajaí e Região, Policial e Segurança

A BR-101 no trecho entre Itapema e Joinville, em Santa Catarina, se tornou sinônimo de caos. A combinação de alta demanda, falta de infraestrutura e planejamento precário transformou a rodovia em um cenário de longas filas e congestionamentos constantes, especialmente no verão. Durante as festas de fim de ano, o problema atinge um ápice, com motoristas enfrentando horas de atraso em trajetos que, em condições normais, levariam minutos. A superlotação expõe um gargalo que afeta tanto o trânsito local quanto a logística nacional, especialmente em um estado que serve de conexão para portos, aeroportos e destinos turísticos.

Motoristas como Paulinho de Liz, caminhoneiro há 13 anos, ilustram o drama diário na BR-101. Ele relata que no período de festas sua rotina de quatro viagens diárias é reduzida para três devido ao tempo perdido no trânsito. Em trechos como Balneário Camboriú, Itajaí e Itapema, qualquer incidente mínimo é suficiente para gerar filas quilométricas. Recentemente, uma colisão entre um caminhão e uma moto em Itapema resultou em 14 quilômetros de congestionamento, evidenciando a fragilidade da rodovia diante do fluxo intenso.

A falta de infraestrutura adequada agrava o cenário. Embora duplicada, a BR-101 carece de marginais completas, especialmente nos trechos críticos de Balneário Camboriú, Itajaí e Itapema. A interrupção ou inexistência dessas vias paralelas força um volume ainda maior de veículos a depender da rodovia principal. Segundo o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Manoel Fernandes, a falta de planejamento urbano dos municípios contribui para a saturação, já que a rodovia frequentemente é usada até como ligação entre bairros locais.

Durante as festas de fim de ano, alternativas temporárias como o uso do acostamento como terceira faixa voltaram a ser discutidas. Balneário Camboriú pediu a liberação do acostamento no Réveillon, mas a proposta enfrenta resistência devido à falta de obras necessárias para garantir a segurança e funcionalidade dessa medida. Motoristas que já enfrentaram congestionamentos de até sete horas na virada do ano relatam que a situação, mesmo com paliativos, continua caótica e imprevisível.

Planos para aliviar o problema, como a construção da Via Mar, ainda parecem distantes. A nova rodovia estadual, projetada para ser paralela à BR-101, tem previsão de custo entre R$ 7,3 e R$ 9,2 bilhões e pode levar até 2031 para ser concluída. Enquanto isso, especialistas apontam que o crescimento populacional e o aumento do número de veículos podem fazer com que mesmo essa obra não resolva integralmente o problema. A dependência do transporte rodoviário para cargas e deslocamentos diários também mantém a pressão sobre a rodovia.

Além disso, soluções mais inovadoras, como a implementação de um sistema de transporte público eficiente — trem ou metrô de superfície —, poderiam aliviar o fluxo. Contudo, a falta de discussão séria e comprometimento entre governos federal e estadual dificulta o avanço dessas alternativas. Um sistema ferroviário, além de sustentável, ajudaria a desviar parte das cargas e passageiros da BR-101, mas ainda é tratado como uma proposta distante.

Enquanto soluções definitivas seguem fora de alcance, motoristas enfrentam o desafio diário de lidar com a falta de fluidez e o estresse do trânsito. O “só resta paciência” citado por muitos, como o caminhoneiro Alan Pastori, resume o sentimento de quem depende da BR-101: não há alternativa viável no curto prazo, e a situação só deve piorar com o tempo.

Fonte: Portal NSC.

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *