
A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu uma queda drástica nos últimos dois meses, atingindo o pior nível de seus mandatos. Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (14), a avaliação positiva caiu de 35% para 24%, enquanto a rejeição disparou de 34% para 41%. Esse desempenho negativo reflete uma perda de apoio mesmo entre eleitores que tradicionalmente votam no petista, colocando em xeque a capacidade do governo de recuperar sua popularidade.
A insatisfação da população tem origem em fatores que atingem diretamente o bolso dos brasileiros. A crise gerada pela tentativa de taxação do Pix acima de R$ 5 mil, aliada à crescente inflação dos alimentos, contribuiu para um desgaste acelerado. A medida, revogada após forte pressão popular, gerou insegurança entre eleitores de baixa renda, grupo que antes representava a base mais fiel do presidente. Como resultado, a aprovação entre essa parcela despencou de 44% para 29%.
O Nordeste, considerado um reduto eleitoral histórico do PT, também não poupou críticas ao governo. A aprovação na região caiu de 49% para 33%, um reflexo claro do impacto da alta dos preços e da falta de medidas concretas para aliviar a situação econômica. Entre os eleitores que votaram em Lula no segundo turno de 2022, a decepção ficou evidente: a avaliação positiva caiu 20 pontos, enquanto a rejeição quase dobrou.
O cenário é ainda mais preocupante ao se comparar os dados com gestões anteriores. O próprio Lula nunca teve uma aprovação tão baixa em seus mandatos anteriores, nem mesmo no auge do escândalo do mensalão em 2005, quando sua popularidade chegou a 28%. Para piorar, a pesquisa revela que a desaprovação ao governo atual supera a do ex-presidente Jair Bolsonaro no mesmo período de mandato, que governou durante um período de pandemia global.
A queda de popularidade também se reflete na divisão por classe social. Entre os eleitores com escolaridade até o ensino fundamental, houve uma redução de 15 pontos na avaliação positiva do governo, enquanto nas faixas de renda acima de dois salários mínimos a rejeição é majoritária. Quem ganha entre 5 e 10 salários mínimos, por exemplo, avalia o governo como ruim ou péssimo com uma margem de 33 pontos negativos.
Diante desses números, a realidade é clara: a insatisfação cresce, e os desafios do governo se tornam cada vez mais evidentes. O Datafolha escancara um descontentamento generalizado que, se não for revertido com ações concretas e eficientes, pode tornar o restante do mandato ainda mais turbulento.
Fonte: Datafolha e O Globo.
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