O nascimento da pequena Alice, na última segunda-feira (18), em Joinville (SC), foi marcado por um incidente que transformou um momento de celebração em preocupação. Durante o parto cesárea, realizado na Maternidade Darcy Vargas devido à posição pélvica da bebê, a recém-nascida sofreu um corte em suas partes íntimas. Inicialmente tratado pela equipe médica como superficial, o ferimento revelou-se mais grave, levando à transferência de Alice para o Hospital Infantil da cidade, onde foi necessário suturar a lesão com cinco pontos.
A avó da criança, Dálida do Amaral Ruiz, relatou que a família só se deu conta da gravidade da situação ao ver a bebê sendo transferida em uma ambulância. “Era para ser o dia mais feliz das nossas vidas, mas se tornou um dia de muita dor e preocupação. Ver aquele serzinho tão pequeno, que nasceu saudável, indo para a UTI por um descuido, foi devastador”, desabafou. Desde então, Alice permanece internada na UTI do Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, enquanto sua mãe, de apenas 19 anos, segue em observação na maternidade.
A família denuncia a falta de suporte emocional e psicológico diante do ocorrido. Segundo Dálida, o hospital limitou-se a encaminhar a bebê para atendimento especializado, sem oferecer apoio aos pais ou explicações detalhadas sobre o que aconteceu. A avó reforça a necessidade de um acompanhamento adequado, como a presença de um psicólogo para confortar a jovem mãe e o pai da criança, ambos profundamente abalados. “Ficamos desamparados, como se um corte em um recém-nascido fosse algo trivial”, criticou.
A direção da Maternidade Darcy Vargas afirmou, em nota, que o parto cesariano foi conduzido por dois médicos que enfrentaram dificuldades devido à posição incomum do bebê. Apesar disso, a Secretaria de Estado da Saúde não esclareceu como o corte ocorreu nem detalhou os procedimentos para investigar o caso. A instituição afirmou que está analisando o incidente por meio do Núcleo de Qualidade e Segurança e destacou que a mãe e a bebê estão recebendo cuidados multiprofissionais.
Este não é o primeiro caso de complicação grave registrado na mesma maternidade. Em 2023, um bebê teve o couro cabeludo cortado durante um parto de risco realizado na Darcy Vargas. O incidente gerou novas preocupações quando, recentemente, a criança testou positivo para HIV, apesar do protocolo de prevenção seguido pela mãe durante a gestação. A família ainda aguarda a contraprova para confirmar ou descartar a contaminação, aumentando a pressão sobre a instituição quanto à segurança nos procedimentos obstétricos.
O episódio reacende o debate sobre a segurança em partos cesarianos e a importância de transparência e acolhimento às famílias em situações delicadas. Especialistas reforçam a necessidade de investigações rigorosas e de mudanças nas práticas hospitalares para evitar que eventos como esses se repitam. A pequena Alice, embora estável, segue hospitalizada, e seus familiares esperam por respostas que ajudem a reconstruir a confiança perdida.
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