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Alta no preço da carne: Entenda os fatores que elevam o valor no Brasil

11 dez 2024 | Estadual e Nacional, Política e Educação

O preço da carne bovina registrou alta pelo terceiro mês consecutivo em novembro de 2024, acumulando um aumento de 15,43% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA divulgado pelo IBGE. Essa elevação é impulsionada por uma combinação de fatores estruturais e conjunturais que afetam a cadeia produtiva e o mercado consumidor. Entre os cortes com maiores aumentos, destacam-se o patinho (19,63%), o acém (18,33%) e o peito (17%), enquanto o fígado foi o único a apresentar queda (-3,61%).

Um dos principais fatores é o ciclo pecuário, que alterna períodos de alta e baixa no preço dos bezerros e do boi gordo. Após um ano e meio de abates intensos, o Brasil agora enfrenta uma fase de menor disponibilidade de animais, elevando os custos de produção e, consequentemente, os preços da carne. Essa dinâmica pode manter os valores pressionados até 2025 ou além, com impacto direto no mercado interno.

Além disso, condições climáticas adversas, como a maior seca da história recente e queimadas, têm prejudicado a produção de pastagens, forçando pecuaristas a recorrer ao confinamento dos animais com ração, o que eleva os custos de engorda. Entretanto, a baixa valorização do boi gordo ao longo de 2024 desestimulou esse tipo de investimento, agravando ainda mais o desequilíbrio entre oferta e demanda.

Outro aspecto relevante é o aumento das exportações brasileiras de carne, impulsionado pela alta demanda global e pela incapacidade de outros grandes produtores, como Austrália e Estados Unidos, em atender o mercado. O Brasil tem batido recordes de exportação, reduzindo a oferta interna e contribuindo para a alta de preços no país. O recente acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que prevê redução de tarifas, pode intensificar essa tendência no futuro.

O cenário econômico interno também exerce influência. A recuperação da renda no Brasil, com baixa taxa de desemprego, aumento da remuneração média e políticas de valorização do salário mínimo e benefícios sociais, tem ampliado o poder de compra da população. Isso favorece a demanda por carne, considerada uma preferência alimentar nacional, gerando maior pressão sobre os preços.

Apesar da alta, economistas alertam para a continuidade do movimento de elevação dos valores em 2025, devido à demora no ciclo de produção, que exige anos para recompor o rebanho. A produção de bezerros em 2025, por exemplo, só deve impactar significativamente o mercado em 2027 ou 2028, prolongando o cenário de preços elevados.

Em suma, o aumento no preço da carne é reflexo de um conjunto complexo de fatores climáticos, produtivos e econômicos, tanto domésticos quanto internacionais. Para os consumidores brasileiros, a alta demanda e a oferta limitada reforçam a necessidade de adaptar hábitos alimentares enquanto o mercado não se reequilibra.

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