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Trump retorna ao poder e cria cenário misto para o Brasil: Exportações em alta e Real sob pressão

21 jan 2025 | Estadual e Nacional, Mundo, Política e Educação

O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos traz um cenário ambivalente para o Brasil. Enquanto o agronegócio nacional poderá se beneficiar de um mercado norte-americano mais aberto às commodities brasileiras, a desvalorização do real frente ao dólar promete pressionar a inflação e elevar custos de importação. No primeiro dia de mercado após a posse, o dólar encerrou cotado a R$ 6,04, mesmo após intervenção do Banco Central. Analistas estimam que a moeda americana possa permanecer em alta ao longo de 2025.

A política protecionista de Trump, com tarifas direcionadas à China, tende a beneficiar a competitividade do Brasil no mercado global, especialmente nas exportações de produtos agrícolas e minerais. Segundo Flávio Roscoe, presidente da FIEMG, as rivalidades comerciais entre os dois maiores exportadores mundiais criam oportunidades para a indústria brasileira. Contudo, o impacto no câmbio e no custo de importações gera incertezas para a economia nacional.

O fortalecimento global do dólar já pressiona países emergentes, como o Brasil, onde o cenário inflacionário preocupa investidores. A expectativa de um governo fiscalmente expansionista nos EUA, aliado a cortes de impostos e políticas migratórias restritivas, pode elevar ainda mais os juros norte-americanos. Essa combinação atrai capital estrangeiro, tornando o real menos competitivo. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve observar de perto esses desdobramentos para ajustar a taxa Selic, atualmente projetada para novos aumentos.

As exportações brasileiras para os EUA, que somaram US$ 36,9 bilhões em 2023, poderão crescer ainda mais com as barreiras comerciais contra a China. Contudo, a balança comercial entre Brasil e Estados Unidos registrou déficit de US$ 6,2 bilhões no ano passado, reforçando a dependência brasileira de produtos importados. Essa dinâmica deve ser intensificada pela alta do dólar, encarecendo ainda mais as importações.

No campo diplomático, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou interesse em manter e ampliar as parcerias com os Estados Unidos, mesmo com a relação distante entre ele e Trump. Apesar de não comparecer à posse, Lula enviou felicitações ao líder republicano, destacando a necessidade de colaboração em áreas como comércio, ciência e cultura. Trump, por outro lado, reforçou críticas às tarifas brasileiras e sinalizou possíveis retaliações no futuro próximo.

O Brasil se encontra diante de um cenário desafiador, em que a expansão do agronegócio pode vir acompanhada de pressões cambiais e inflacionárias. O governo precisará equilibrar políticas fiscais e cambiais para mitigar os impactos negativos de um dólar forte, enquanto aproveita as oportunidades geradas pelas tensões comerciais globais.

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